O ser humano sempre demonstrou uma
preocupação constante com as origens e com as causas. Essa preocupação se
manifesta desde a infância, na ‘idade dos porquês: tudo deve ter uma causa”
(BRANCO, 2004, p. 19).
Em 1859, o naturalista inglês Charles
Darwin publicou a obra “A Origem das Espécies”, a qual “causou
uma verdadeira revolução na biologia e no próprio pensamento humano” (BRANCO,
2004, p. 41), sendo imediatamente aceita pela comunidade científica, ainda que
acusada de imoral pelos religiosos criacionistas, por considerar que os
mecanismos evolutivos também se aplicariam à espécie humana, que teria surgido
a partir de primatas pré-históricos, como ilustra Soares (1990). Descobertas realizadas
ao longo do século XX possibilitaram a validação e reinterpretação da maior
parte das ideias de Darwin, especialmente a seleção natural,
configurando a evolução cada vez mais como
um conjunto de princípios explanatórios
sofisticados, intrincados e abrangentes (FUTUYMA, 2009).
Observa-se que a partir da origem das espécies, vários fatores
evolutivos começam a ocorrer permitindo assim a adaptação das espécies em
ambientes variados ocorrendo em dois níveis. Começando pela Anagênese, (do
grego Ana, movimento de baixo para
cima, e Genesis, origem) que consiste
na transformação de uma espécie, com mudanças graduais que levam a adaptação
evolutiva. A cladogênese é o processo pelo qual duas populações isoladas
diferenciam-se no decorrer do tempo, originando duas novas espécies. Nesse
caso, processos anagenéticos ocorre de forma independente nas duas populações,
fazendo com que elas se tornem progressivamente distintas, subdividindo em duas
populações conhecidas como clados, o qual o processo que leva a diversificação
dos mesmos sendo denominado de cladogênese (do grego kladós, ramo, e Genesis, origem)
ou especiação por diversificação. A maioria dos evolucionistas admite que a
especiação por diversificação é a base da biodiversidade biológica do planeta
(AMABIS; MARTHO 2004).
Gradualismo e Equilíbrio Pontuado
Por volta de 1859 a 1972, vigorava a
teoria do Gradualismo, proposta por Charles Darwin, defendendo o acúmulo de
pequenas modificações ao longo de várias gerações, portanto um evento lento,
condicionado pela transferência hereditária de mudanças no comportamento
morfológico e fisiológico do indivíduo (KRUKEMBERGHE, 2012).
O equilíbrio pontuado tem como
principais características as premissas de que linhagens têm poucas mudanças
durante sua historia, com eventos rápidos que pontuam estes longos tempos de
estabilidade. O longo tempo de estabilidade é chamado de equilíbrio e os curtos
tempos de mudança, revoluções. Também neste modelo, a evolução é o diferencial
de sobrevivência e o desdobramento destas pontuações. A teoria de Gould e
Eldregde diferencia-se dos contrapontos tradicionais (nominalmente o
gradualismo filético) no fato que a evolução não é um desdobramento digno [no
qual] espécies novas surgem da transformação lenta e constante de populações
inteiras, e sim uma historia de equilíbrios homeostáticos atrapalhados apenas
“raramente” por eventos rápidos de evolução. De acordo com o que foi dito acima, Gould e Elredge (1977:19)
“nunca disseram que o gradualismo não poderia ocorrer em teoria ou que nunca
ocorrera de fato. A natureza é muito complexa e variada para este tipo de
absolutismo.” Outro pensamento com esta linha de raciocínio é de que “mudanças
morfológicas como maneira de compensar mudanças ambientais são permitidas pela
plasticidade comportamental dos indivíduos do grupo” (Wake et al., 1983).
A Origem de Novas Espécies
A formação de
novas espécies de seres vivos, denominada de especiação, é uma etapa
fundamental do processo evolutivo. O termo espécie vem do latim species e significa tipo, qualidade. Em
1942, Ernst Mayr (n 1904) propôs uma definição de espécie como sendo ´´um grupo
de populações cujos indivíduos são capazes de se cruzar e produzir descendentes
férteis, em condições naturais, estando reprodutivamente isolados de indivíduos
de outras espécies´´. No entanto esse conceito proposto por Mayr tem
limitações. Ele não se aplica, a espécies que se reproduzem assexuadamente,
como bactérias, vírus e certas espécies de outros grupos (AMABIS; MARTHO, 2004).
Conceito
Biológico de Espécie
O Conceito
Biológico de Espécie (CBE) se consolidou a partir da segunda metade do século
XX como o principal conceito de espécie em uso na biologia evolutiva (FUTUYMA 2003).
O CBE faz uso
do conceito de subespécie para descrever populações que, apesar de teoricamente
manterem entre si uma coesão reprodutiva, exibem diferenças apreciáveis em
características como tamanho, plumagem e vocalizações, por exemplo. Em relação
aos processos de especiação cientistas acreditam que na história evolutiva da
vida, as espécies surgem normalmente por cladogênese por diversificação de uma
espécie ancestral, onde distinguem dois tipos de processos de especiação:
especiação alopatria e simpátria.
Simpatria: metapopulações / táxons
diagnósticos simpátricos serão considerados espécies quando pelo menos um dos
critérios abaixo for satisfeitos:
• Existe
monofilia recíproca entre as entidades envolvidas, como inferido diretamente a
partir de filogenias / filogeografias;
• Não existe
intercruzamento ou ele acontece tão raramente hoje entre as metapopulações /
táxons envolvidos que a independência evolutiva dos mesmos não é comprometida,
como inferido a partir da ausência ou uma freqüência não significativa de
indivíduos com caracteres intermediários entre as duas metapopulações / táxons.
Parapatria: metapopulações / táxons diagnósticos
parapátricos serão considerados
espécies quando pelo menos um dos critérios
abaixo for satisfeitos:
• Existe
monofilia recíproca entre as entidades envolvidas, como inferido diretamente a
partir de filogenias / filogeografias;
• Não existe
intercruzamento ou ele acontece tão raramente hoje entre as metapopulações /
táxons envolvidos que a independência evolutiva dos mesmos não é comprometida,
como inferido a partir da ausência ou uma freqüência não significativa de
indivíduos com caracteres intermediários entre as duas metapopulações / táxons.
Alopatria: metapopulações / táxons diagnósticos
alopátricos serão considerados espécies quando pelo menos
dois dos seguintes critérios forem
satisfeitos:
• Existe
monofilia recíproca entre as entidades envolvidas, como inferido diretamente a
partir de filogenias / filogeografias.
• Pelo menos
dois dos critérios de diagnose enumerados e discutidos anteriormente
diferenciam as duas metapopulações / táxons sendo comparados;
• A magnitude
da variação dos caracteres entre as entidades envolvidas é no mínimo
equivalente àquela que se observa entre pares de táxons / metapopulações
simpátricos aparentados (dentro do mesmo gênero, por exemplo), como revelado a
partir de estudos comparativos, preferencialmente baseados em mais de um único
tipo de caráter (morfológicos e bioacústicos, por exemplo). Entende-se que essa
abordagem comparativa é importante para a determinação do grau de independência
evolutiva entre as metapopulações / táxons quando filogenias / filogeografias
não estão disponíveis.
No caso de
metapopulações / táxons envolvidos em uma determinada zona de intergradação,
são propostos abaixo critérios explícitos para a determinação de limites
inter-específicos.
Isolamento
Reprodutivo
Não se referem
apenas a esterilidade, representa a incapacidade de espécies diferentes de se
cruzarem ou caso se cruzarem, de produzirem descendentes férteis. Envolve fatores
comportamentais como, nichos, estímulos sensoriais. Diversos mecanismos podem
impedir a troca de genes, constituindo diferentes tipos de isolamento
reprodutivo.
Mecanismo Pré-zigóticos: impedem
a fecundação atuando antes da formação do zigoto. O qual possui os seguintes
tipos de isolamento.
·
Estacional:
ocorrendo diferenças nas épocas reprodutivas
·
Isolamento por Hábitat ou ecológico: por meio de ocupação diferencial de
habitats.
·
Etológico:
padrões de comportamentos como produção e recepção de estímulos (típicos p/cada espécie) que
levam macho e fêmeas a reprodução.
·
Mecânico:
diferenças nos órgãos reprodutores impedindo a cópula.
·
Mortalidade
gamética: não sobrevivência de gametas masculinos de uma espécie no
sistema genital feminino de uma outra espécie, causado por fenômenos
fisiológicos.
Mecanismo Pós-zigoticos: há casos em que os
membros de duas espécies copulam e o zigoto se forma, mais ocorre a morte do
embrião prematuramente, chamada de inviabilidade do híbrido.
O híbrido se torna inviável por ser resultante
do cruzamento entre seres de duas espécies diferentes. Embora possam ser
férteis, são inviáveis devido inferioridade adaptativa ou menor eficiência para
reprodução. A esterilidade do
híbrido pode ocorrer pela presença de gônadas (glândulas sexuais) anormais, proveniente de problemas
decorrentes de meiose anômala (pareamento
do cromossomo com deficiência com homólogo que não sofreu alteração), (LOPES;
ROSSO, 2010).
ORIGEM
DOS GRANDES GRUPOS DE SERES VIVOS
Fundamentada na teoria da evolução molecular,
acredita-se que a vida tenha surgido a partir da complexidade das combinações
entre os elementos químicos, que constituíam o cenário da Terra Primitiva,
conforme sugerido pelo biólogo Thomas Huxley (1825 – 1895), retomada
posteriormente por John Haldane (1892 – 1964) e aperfeiçoado pelo bioquímico
Aleksander Oparin (1894 – 1980).
Há mais ou menos 4,6
bilhões de anos, suposta época que o planeta Terra se formou em consequência da
condensação (fusão) de partículas oriundas de uma grande explosão no cosmo (Big
Bang), estaria a Terra sob fortes condições de pressão e temperatura. Nesse
período não existia uma camada de ozônio (O3) retentora de
radiações. Além da radiação ultravioleta, o planeta também era frequentemente
bombardeado por asteroides. Segundo eles, ocorriam constantes erupções
vulcânicas, emitindo grande quantidade de gases (moléculas): metano – CH4,
amônia – NH3, gás hidrogênio – H2 e água H2O, suspensos na
atmosfera primitiva. O ambiente era extremamente redutor, consequente da
inexistência ou baixa concentração do gás oxigênio (O2).
Contudo, os gases formados, submetidos a
fortes descargas elétricas, tiveram seus arranjos inorgânicos reordenados. Tais
substâncias colaboraram com a gradativa alteração da situação atmosférica e
“climática”. A temperatura global foi amenizando a ponto de ocasionar chuvas
que precipitavam as substâncias, se concentrando nos mares que se formavam. Nos
mares, as moléculas aumentavam em grau de complexidade, surgindo então as
substâncias orgânicas, transformando os mares em um imenso caldeirão nutritivo.
Eventualmente, as condições da sopa nutritiva que se formou nos mares, deram
origem aos coacervados (junção de moléculas complexas circundadas por uma
película de água).
Evolutivamente, com o abrandamento da
turbulenta situação do planeta, os coacervados (sistemas semi-isolados),
tiveram suas reações químicas complementadas, efetivando trocas com o meio
externo. Cada vez mais elaborados, os coacervados, provavelmente foram se
aperfeiçoando a ponto de adquirir composição lipídica, proteica e até ácido
nucleico. Em 1953, através de uma simulação realizada pelo cientista Stanley
Miller, experimentalmente reproduzindo em laboratório o ambiente atmosférico da
Terra primitiva, obteve como resultado a formação de diversas substâncias
orgânicas, entre elas os aminoácidos alanina e glicina (KRUKAEMBERGHE).
DIVISÃO DO TEMPO GEOLÓGICO
O tempo geológico é um retrato temporal
evolutivo da história da terra e da diversificação dos seres. Reflete a grandes
acontecimentos que ocorreram na história geológica e biológica da terra. É
dividido em quatro grandes intervalos de tempo, as eras geológicas, cada uma
caracterizada por acontecimentos marcantes. Estão dispostas em sequencia:
Pré-cambriana, paleozóica, Mezozóica e Cenozóica as quais são subdivididas em
unidades menores, os períodos geológicos (AMABIS; MARTHO, 2004).
CAMBRIANO: Evolução dos Invertebrados
Marinhos e Primeiros Cordados
Comparado ao longo espaço de tempo do
Arqueano e do Proterozóico (3.600-542 M.a.), o Cambriano (542- 488 M.a.),
primeiro período da era paleozóica, foi bastante curto. A vida diversificou-se
e permaneceu confinada aos oceanos, onde houve a grande evolução de
invertebrados marinhos, como cnidários, braquiópodes, moluscos, equinodermas e
graptozoários. Um grupo bem-sucedido foi o dos artrópodes; dentre estes, os
trilobitas, que tiveram ampla distribuição mundial. Duas grandes conquistas
aconteceram: o desenvolvimento de carapaças e a origem dos cordados, animais
com notocorda, estrutura que, mais tarde, originou a coluna vertebral. O início
do Cambriano foi definido pelo aparecimento dos organismos com carapaças,
possibilitando a correlação de rochas com base no conteúdo fossilífero.
Dessa época são
assinaladas três faunas importantes: a fauna Tomotiana, de distribuição
mundial, com minúsculas formas de conchas e arqueociatas, não classificadas em
nenhum grupo moderno; a fauna de Chengjiang, na China, com invertebrados,
urocordados e cefalocordados; e a mais conhecida, a do Folhelho Burgess, no
Canadá, com esponjas, braquiópodes, crustáceos, trilobitas e Pikaia gracilens,
um cefalocordado. O final do Cambriano é marcado por uma grande extinção em
massa (SILVA, 2008).
ORDOVICIANO: Diversidade Marinha e Surgimento dos Agnatas
No Ordoviciano (488-443,7 M.a.), havia um clima
com temperaturas mais amenas. Nos mares quentes, surgiram vários invertebrados
que se desenvolveram e se diferenciaram, aumentando a complexidade de suas
carapaças. Os mais comuns foram braquiópodes, crinóides e briozoários, que
construíram os primeiros recifes. Apareceram os moluscos biválvios e os
nautilóides, esses últimos parentes dos modernos polvos e lulas. Surgiram
também os primeiros peixes, os agnatas, que possuíam ainda notocorda, mas não
apresentavam maxilas. Tinham uma armadura óssea no corpo, recebendo por isso a
denominação de “ostracodermas”. São os craniados mais primitivos e seus
representantes atuais são as lampreias e feiticeiras. Eram geralmente
bentônicos e a impossibilidade de triturar alimentos foi o maior fator contra
seu desenvolvimento (SILVA, 2008).
SILURIANO: Conquista do Ambiente Terrestre
No Siluriano (443,7-416 M.a.), artrópodes e
plantas invadiram o ambiente terrestre. Nos oceanos, proliferaram e se
expandiram os braquiópodes, briozoários, corais, crinóides, esponjas, biválvios
e gastrópodes. Os trilobitas e graptólitos tiveram um declínio, enquanto as
formas dos nautilóides se diversificaram. O Siluriano foi marcado pelo
aparecimento das maxilas nos peixes, um dos eventos mais importantes da
história evolutiva dos vertebrados. Esses primeiros peixes com mandíbulas são
os gnatostomados, que incluem placodermas, acantódios, condríctes e osteíctes,
grupo ao qual pertence a maioria dos peixes atuais. A documentação
paleontológica do Siluriano no Brasil é apresentada, por exemplo, no grupo
Trombetas, na bacia do Amazonas, e na Formação Tianguá, na bacia do Parnaíba
(SILVA, 2008).
DEVONIANO: Primeiras
Florestas e Idade dos Peixes
Após sua origem no Siluriano, as plantas
vasculares se diversificaram rapidamente no Devoniano (416-359,2 M.a.), quando
se formaram as primeiras florestas. Alguns grupos de animais se aventuraram
pela terra, entre eles os insetos e os anfíbios. O Devoniano é considerado como
a “idade dos peixes” devido à grande diversificação desse grupo. Os
sarcopterígios, peixes osteíctes com nadadeiras lobadas, surgiram e deram
origem aos tetrápodas. O grupo dos dipnóicos (peixes pulmonados) desenvolveu um
aparelho respiratório que lhes permitia absorver o oxigênio, adquirindo, desse
modo, a capacidade de respirar ar atmosférico. Outra extinção ocorreu no final
do Devoniano, sendo os invertebrados marinhos os mais atingidos. O Devoniano
foi um período importante na sedimentação das bacias paleozóicas do Amazonas,
Parnaíba e Paraná (SILVA, 2008).
CARBONÍFERO: Idade dos
Anfíbios e dos Depósitos de Carvão
O Carbonífero (359-299 M.a.) representa a
“idade dos anfíbios”. Eles viviam nos pântanos e nas margens dos cursos de
água, mas algumas espécies se adaptaram para sobreviver uma maior parte do
tempo em terra seca, voltando à água apenas para desovar. Entre as plantas
surgiram as gimnospermas primitivas, como as
Glossopteris presentes em todo o
continente Gondwana. Grande parte das atuais jazidas de carvão formou-se nessa
época, pela decomposição de matéria vegetal. Nesse propício ambiente úmido, a
vida dos insetos proliferou intensamente. Os amonóides, mesmo sofrendo um
pequeno declínio com a extinção do final do Devoniano, ainda permaneceram como
os principais invertebrados predadores. Aparecem os primeiros registros fósseis
de amniota, um grupo de vertebrados tetrápodas cujos embriões são rodeados por
uma membrana amniótica. Esse tipo de ovo permitiu que os antepassados das aves,
dos mamíferos e dos répteis reproduzissem em terra. Surgiram os primeiros
répteis, com o crânio compacto, sem as aberturas temporais, características do
grupo (SILVA, 2008).
PERMIANO: Diversificação dos Répteis e
Expansão das Gimnospermas
No início do Permiano (299-251 M.a.), o
movimento das placas tectônicas formou o supercontinente Pangéia. As regiões
interiores desse vasto continente estavam, provavelmente, secas e a glaciação
diminuiu. O resultado dessa nova configuração global foi o desenvolvimento e a
diversificação da fauna de vertebrados terrestres e a redução das comunidades
marinhas. Houve a diversificação dos répteis e a expansão das gimnospermas. O
final do Permiano foi marcado pela maior de todas as extinções em massa. Afetou
muitos grupos de organismos, em ambientes diferentes, mas, principalmente, as
comunidades marinhas, causando a extinção da maioria dos invertebrados. Com o
fim do Permiano, encerra-se a era paleozóica, que durou aproximadamente 300
milhões de anos. No Brasil, o Permiano está representado, principalmente, nas
bacias do Parnaíba e do Paraná (SILVA, 2008).
TRIÁSSICO: Primeiros Dinossauros e
Mamíferos
Com o Triássico (251-199,6 M.a.), começou a
era mesozóica, que durou 130 milhões de anos. Ocorreu o início da fragmentação
do Pangéia. Vários grupos de répteis apareceram, como crocodilos, dinossauros e
pterossauros, como também os primeiros mamíferos, que eram de pequeno porte. As
gimnospermas passam a ser as formas dominantes entre as plantas. A fauna
marinha não era muito diversificada, já que 90% das espécies haviam
desaparecido na grande extinção do Permiano. O final do Triássico também foi
marcado por uma grande extinção. No Brasil, na bacia do Paraná, encontramos fósseis
de répteis ou de grupos aparentados com os mamíferos, como rincossauros e
dicinodontes, respectivamente. Esses tetrápodas triássicos são encontrados nos
sedimentos das formações Sanga do Cabral, Santa Maria e Caturrita, no estado do
Rio Grande do Sul (SILVA, 2008).
JURÁSSICO: Apogeu dos
Dinossauros e Primeiras Aves
Nos mares do Jurássico (199,6- 145,5 M.a.),
viveram peixes e répteis marinhos, como ictiossauros e plesiossaurus. Do
Jurássico até fins do Cretáceo, há 65 milhões de anos, os grandes répteis
continuaram dominando. Multiplicaram-se prodigiosamente nas planícies cada vez
mais úmidas e quentes, alcançando enormes dimensões. O Jurássico foi a idade
dos grandes saurópodes e dos pterossauros. Nos mares, os moluscos, como os
grandes amonóides, tornaram- se muito abundantes. A passagem do Jurássico para
o Cretáceo não foi marcada por qualquer grande extinção, evolução ou alteração
na diversidade dos organismos. O Jurássico não é bem representado no Brasil
(SILVA, 2008).
CRETÁCEO: Extinção de Dinossauros e
Pterossauros, Surgimento das Angiospermas e Presença de Mamíferos
Com a continuidade da fragmentação do
supercontinente Pangéia e o conseqüente afastamento das placas tectônicas,
aumentaram as diferenças regionais entre as floras e faunas. No Cretáceo
(145,5-65,5 M.a.), os mais importantes eventos foram: surgimento de
angiospermas, plantas com flores e mamíferos marsupiais e placentários. O fim
desse período foi marcado por uma grande extinção em massa (Limite K-T), com o
desaparecimento de grupos bem-sucedidos, como dinossauros e amonóides. A
extinção desses grandes répteis constitui-se ainda em grande controvérsia. Duas
teorias são mais aceitas para essa extinção: mudanças climáticas e colisão de
um enorme meteorito com a Terra. Esse período é ricamente marcado na
paleontologia brasileira. São inúmeras as ocorrências de fósseis nas bacias do
Araripe, Sergipe-Alagoas, Pernambuco-Paraíba, Potiguar e bacias interiores do
Nordeste (SILVA, 2008).
PALEOCENO:
Diversificação e Irradiação dos Mamíferos e Angiospermas
No Paleoceno (65,5-55,8 M.a.), houve o
sucesso da evolução dos grandes mamíferos que se tornaram cada vez mais
diversificados. A principal característica dessa época é a proliferação de
pequenos mamíferos, ancestrais dos roedores, e primatas atuais. A fauna marinha
é caracterizada por biválvios, gastrópodes, equinóides e foraminíferos, sendo
que esses últimos se tornaram muito abundantes. A vegetação e o clima tropical
eram predominantes e alguns mamíferos já estavam dominando o meio aquático.
Houve também a diversificação e irradiação das angiospermas. O Paleoceno foi um
estágio importantíssimo na história dos mamíferos. Infelizmente, muitos fósseis
dessa época são escassos ou inteiramente desconhecidos. No Brasil, temos
representantes desse período,
por exemplo, na bacia de Itaboraí (RJ)
(SILVA, 2008).
EOCENO: Expansão das Aves e Angiospermas
Durante os 20 milhões de anos de duração do
Eoceno (55,8-33,9 M.a.), os mamíferos se desenvolveram ainda mais e houve uma
modernização importante da fauna. As aves se expandiram e surgiu grande parte
das linhagens das atuais angiospermas. O Eoceno Inferior teve as mais altas
temperaturas de todo o Cenozóico, bem acima de 30°C. Existiam ligações de terra
entre a Antártida e a Austrália, entre América do Norte e Europa através da
Groenlândia e, provavelmente, entre a América do Norte e a Ásia com o Estreito
de Bering. Surge a maioria dos mamíferos modernos, todos de tamanho pequeno. No
Eoceno Médio, a separação entre a Antártida e a Austrália criou uma passagem de
água entre esses continentes, mudando os padrões de circulação das correntes
oceânicas. No Eoceno Superior, a nova circulação dos oceanos resultou em
temperaturas mais baixas. O tamanho do corpo dos mamíferos aumentou, houve um
avanço da vegetação de savanas e redução nas florestas. No Brasil, a Bacia de
Fonseca, situada na região do Quadrilátero Ferrífero, no estado de Minas
Gerais, constitui um exemplo de sedimentos provavelmente eocênicos da Formação
Fonseca, com grande quantidade de angiospermas (SILVA, 2008).
OLIGOCENO: Primatas Antropóides
O Oligoceno (33.9-23 M.a.) registra uma
extensão relativamente curta, embora um grande número de mudanças tenha
ocorrido durante esse tempo, como o aparecimento dos primeiros elefantes, dos
cavalos modernos, das gramíneas e dos primatas antropóides. Houve o início de
um esfriamento generalizado, com geleiras que se formam pela primeira vez na
Antártida durante o Cenozóico. O aumento das camadas de gelo causou um recuo no
nível de mar. Embora tenha havido um período de aumento de temperatura no
Oligoceno Superior, a tendência de esfriamento global continuou, culminando nas
idades do Gelo quaternárias. Houve a principal evolução e a dispersão de tipos
modernos de angiospermas. A vegetação das latitudes mais altas do hemisfério
Norte transformou a floresta tropical em um bosque temperado. A continuação da
dispersão da fauna de mamíferos por terra entre a Ásia e a América do Norte foi
responsável pelo surgimento de diversas linhagens nos novos continentes. No
Brasil, temos o exemplo da bacia de Taubaté, cujos sedimentos foram depositados
no Neo- Oligoceno/Eomioceno (SILVA, 2008).
MIOCENO: Diversificação
de Mamíferos e Angiospermas
No Mioceno (23-5,30 M.a.), continuou a
diversificação dos mamíferos e das angiospermas e, no final do período, o clima
esfriou. Foi um momento de climas mais favoráveis que os do Oligoceno e do
Plioceno, marcado por uma expansão dos campos e cerrados correlacionada a um
clima mais árido no interior dos continentes. A Placa Africana-Arábica uniu-se
à Ásia, fechando o mar que havia separado previamente esses dois continentes.
Assim, as respectivas faunas se uniram, gerando
novas competições e extinções, aparecendo
novas espécies animais e vegetais. Mamíferos e aves se desenvolveram. Além das
mudanças em terra, os recém-formados ecossistemas marinhos levaram ao
desenvolvimento de novos organismos. O sítio paleontológico Ilha de Fortaleza,
no município de São João de Pirabas, no estado do Pará, guarda uma das mais
expressivas ocorrências do Cenozóico marinho do Brasil, com grande variedade de
moluscos e equinóides. Esse sítio é considerado a seçãotipo da Formação Pirabas
(Mioceno), marcando o limite sul da província paleobiogeográfica caribeana
(SILVA, 2008).
PLIOCENO: Formação de Savanas e Primeiros
Hominideos
No Plioceno (5,33-1,80 M.a.), a evolução
dos primatas se caracterizou pela evolução dos símios bípedes ou dos primeiros
hominídeos (homens primitivos). Ocorreram eras glaciais que causaram um
resfriamento global. Houve uma acumulação de gelo nos pólos que conduziriam à
extinção de muitas espécies. O clima mudou de tropical para mais frio. A junção
das placas tectônicas das Américas do Norte e do Sul foi causada por um
deslocamento da Placa do Caribe, que se moveu ligeiramente para leste, formando
o istmo do Panamá. A conexão entre as Américas teve impacto na flora e na
fauna. A criação do istmo permitiu o intercâmbio das espécies entre os dois
continentes e a junção das placas tectônicas conduziu também a mudanças no
ambiente marinho (SILVA, 2008).
PLEISTOCENO: Extinção de Espécies e
Surgimento do Homem
No Pleistoceno (1,8-0,01 M.a.), ocorreu a
extinção de muitas formas de mamíferos, aves e plantas e o surgimento da
espécie humana. A glaciação avançou cada vez mais em direção ao Equador,
esfriando uma terça parte da Terra. Depois, retrocedeu e o clima voltou a ser
temperado. No final, as geleiras avançaram e retrocederam várias vezes.
Ocorreram as glaciações mais recentes e o clima e as temperaturas mudaram
drasticamente. Houve um bom número de animais de grande porte, hoje extintos,
como, por exemplo, o mastodonte, o mamute e o tigre-dente-de-sabre. Os fósseis
desse período são abundantes, bem preservados e sua datação é precisa. Os
foraminíferos, diatomáceas e grãos de pólen são diagnósticos sobre os
paleoclimas (SILVA, 2008).
HOLOCENO: Dispersão da Espécie Humana
Essa época é caracterizada pela dispersão
da espécie humana e este é o nome dado aos últimos 11 mil anos da história da
Terra, começando no fim da última era glacial ou Idade do Gelo. Desde então,
houve pequenas mudanças do clima. O Holoceno testemunhou toda a história da
humanidade e a ascensão e queda de todas
as suas civilizações. A poluição e a
destruição dos vários habitats, inclusive pelo homem, estão causando uma
extinção maciça de muitas espécies de plantas e de animais. Durante o Holoceno,
houve o grande desenvolvimento do conhecimento e da tecnologia humana. Os
paleontólogos tomam parte nesse esforço para compreender a mudança global, já
que os fósseis fornecem dados sobre o clima e o meio ambiente passado (SILVA,
2008).
Microfósseis
Aliados aos macrofósseis, os microfósseis
desempenham um papel importante no desenvolvimento das biotas passadas. O seu
registro desde o Pré-Cambriano permite datações precisas ao longo do tempo
(acritarcos, quitinozoários, dinoflagelados, conodontes, escolecodontes
radilários, diatomáceas, foraminíferos, ostracodes, esporos e grãos de polen,
dentre outros) e são elementos importantes para o estudo de petróleo, carvão,
diatomito e demais rochas de origem orgânica.
Eles são imprescindíveis nos zoneamentos cronobioestratigráficos, nas
correlações estratigráficas intra- e intercontinentais e no mapeamento
geológico das bacias sedimentares. Além disso, os paleontólogos estudam, por
meio de seus registros, a influência das mudanças climáticas sobre as biotas. Devido
a sua ampla distribuição geográfica e cronoestratigráfica, os microfósseis são
encontrados nos mais variados ambientes continentais e marinhos, havendo registros
de suas ocorrências em toda a coluna geológica, do Pré-Cambriano ao Holoceno
(SILVA, 2008).
Figura 2.3 – Tabela do tempo geológico
(modificado de Long, 1995).
Retirado do livro: Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro (SILVA,
2008).
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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